Essa imagem é a reprodução de um thankga, uma pintura tradicional da cultura tibetana.
Além de ser um método de pintura, existem diversas thankga feitas a partir de textos clássicos e ensinamentos tibetanos, seja para representar uma mitologia, uma prática de contemplação, ou um conhecimento médico.
Essa é a Árvore da Fisiologia e Patologia da Medicina Tibetana.
Durante o mestrado tive a honra e satisfação de conviver com a comunidade tibetana, em Dharamsala, Índia, e conhecer um tiquinho da Medicina Tibetana, em colaboração com o Men-Tsee-Khang – e é daí que tenho uma reprodução dessa pintura.
Essa árvore tem 2 troncos: do lado esquerdo temos a fisiologia, e do lado direito temos a patologia.
O primeiro tronco, do corpo em saúde, possui 3 ramos, 25 folhas, 2 flores e 3 frutos.
O primeiro ramo mostra os 3 humores, com suas 5 subdivisões/localizações/funções. Vemos na cor azul o humor rLung relacionado ao ar, em amarelo o humor mKhris-pa relacionado ao fogo, e em branco o humor Bad-kan relacionado à água e terra.
O segundo ramo mostra os 7 tecidos corporais: plasma, sangue, músculo, gordura, ossos, tecido nervoso e reprodutivo.
O terceiro ramo, com 3 folhas, identifica as 3 excreções principais: fezes, urina e suor.
Do alto do tronco da fisiologia brotam duas flores: a mais alta é a flor da longevidade, e embaixo a flor da saúde.
As duas flores, da saúde e da longevidade, servem de base para os 3 frutos: “prosperidade”, “desenvolvimento espiritual” e “vida pacífica/felicidade”.
O segundo tronco se refere à patologia, ao adoecimento. É composto por 9 ramos e 63 folhas.
O primeiro ramo tem 3 folhas, que representam os pilares de sustentação da saúde: alimentação, sono e energia sexual.
O segundo ramo tem 4 folhas representando as condições que desencadeiam o adoecimento: mudanças sazonais, alimentação, comportamento/estilo de vida e influências de espíritos malignos (transtornos psicoemocionais).
O terceiro ramo tem 6 folhas representando as seis regiões corporais de origem das doenças.
O quarto ramo possui 3 folhas mostrando as principais localizações dos 3 humores, suas sedes no trato digestivo.
O quinto ramo tem 15 folhas, que ilustram os caminhos e tecidos relacionados aos humores.
O sexto ramo possui 9 folhas representando as doenças humorais em relação à idade, local de ocorrência, estagio de desenvolvimento e mudanças sazonais
O sétimo ramo tem 9 folhas que representam os 9 transtornos fatais.
O oitavo ramo apresenta 12 folhas representando 12 contra-indicações, relacionadas ao tratamento inadequado.
O nono e último ramo tem 2 folhas, que representam finalmente se o transtorno é de natureza fria ou quente.