O ciclo menstrual é – em quem menstrua – o próprio ciclo de criação da vida, de potência, um ciclo de vitalidade!
A partir do ciclo menstrual transformamos nossas intuições (subjetividades, sensações, visões) durante a menstruação, em ideias (objetividade, planos, intenções claras) durante a ovulação. E a manifestação, corporificação, se completa com a menstruação, novamente, que é a base fértil para o próximo ciclo.
O ciclo menstrual é o processo que inicia a materialização da vida, canal que somos entre espírito e matéria… Quando não ocorre a fecundação do óvulo propriamente, ou seja, quando o projeto não é um feto, damos corpo às nossas criações e projetos. Nutrimos a vida, nossa e da comunidade em que vivemos.
O fluir da energia por meio do ciclo menstrual transborda a vitalidade – ou ojas no Ayurveda, jing na Medicina Chinesa, dhang na Medicina Tibetana. Essas Medicinas entendem que nossa Essência de vitalidade justamente se acumula e transborda a partir do sistema reprodutivo. Você tem se sentido transbordada por essa energia? Em que momentos do ciclo?
No senso comum existe a ideia de relacionar o pré-menstrual e a menstruação à perda de vitalidade – será que é somente a baixa da energia física no pré-menstrual que transborda?
Compreendemos a flutuação de energia característica do ciclo menstrual? E conseguimos integrar essa compreensão no dia-a-dia?
Quais são nossas expectativas quanto ao ritmo de trabalho e criação? E de onde vem essa expectativa?
Como as coisas são criadas na Natureza?
Ganhar ou perder vitalidade ao longo do ciclo menstrual depende de como vivemos o ciclo, e também da forma que compreendemos e integramos a energia criativa!
Um ciclo tem diferentes fases: começo, desenvolvimento, decaimento, fim. Recomeço… O ciclo cicla, flui. E nossa vitalidade flui ao longo do ciclo, se transforma e adquire diferentes aspectos. Nada na natureza está sempre do mesmo jeito…
Permita-se a queda de energia física do pré-menstrual e menstrual, isso é natural.
O que não é natural (embora comum) são desconfortos intensos, recorrentes, com dor e desorganização ao longo do ciclo.
Ainda assim, a avaliação de ‘como foi o último ciclo’ requer acolhimento, primeiro de nós para nós mesmas! Atendo mulheres que identificam um certo ciclo especialmente desconfortável, com cólica intensa por ex., e em seguida quando trago a reflexão, concluem “Realmente… estive exausta nesse último mês, passei por cima de vários limites”. Sim, acontece. Nem sempre estamos presentes no corpo e no coração. Essa ausência reflete, também, no ciclo.
Em um contexto cultural que historicamente desrespeita nossos corpos, nossos modos de estar e fazer, criar… facilmente caímos na armadilha de pensar criação, potência, vitalidade como algo constante, linear, com foco no resultado sem navegar o processo.
Mas navegar é preciso… A maré que esvazia e enche, seja de disposição ou de recolhimento, é o próprio movimento da criação. Confie! Se temos noite e dia, inverno e verão, estranho seria nossa energia ser sempre a mesma…
Fez sentido pra você pensar no ciclo menstrual como ciclo de vitalidade?
Que ajustes você imagina que trarão um fluir mais suave ao longo do próximo ciclo?