Assim é conhecida essa planta da família dos aspargos, Asparagus racemosus, cuja parte utilizada é a raiz. Shatavari literalmente significa “cem raízes”.
É uma planta fria, amarga, doce, untuosa e pesada. Tônica (anabólica) dos tecidos.
Quais tecidos? Todos!
Atua como fortalecedora, rejuvenescedora, tônica do sistema nervoso e aumenta ojas, nossa essência de imunidade e vitalidade. É uma das principais plantas para aumentar rasa dhatu, o primeiro tecido a ser formado a partir da alimentação e que irá nutrir todo nosso sistema. É a parte não hemoglobínica do sangue.
Tem ação principalmente nos sistemas reprodutivo feminino, respiratório e digestivo.
É o principal tônico uterino no Ayurveda. Planta de escolha para os ciclos irregulares, e quando a menstruação está escassa, para envigorar a fertilidade, favorecer a concepção e a força do útero, sendo usada na prevenção de abortos. Também é uma planta sensacional para sintomas da menopausa, incluindo ondas de calor, irritabilidade, secura e queixas cognitivas. E ainda promove a lactação, sendo muito utilizado tradicionalmente para essa finalidade. Eu mesma me beneficiei desse uso! As pesquisas científicas mostram que o shatavari tem ação estrogênica.
Ah, essa planta também é bastante usada em homens com a finalidade afrodisíaca. Purifica o esperma, e aumenta a quantidade e a qualidade dos espermatozoides.
Nutre o tecido nervoso e acalma. Pesquisas básicas mostram uma ação positiva no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, que controla nossa resposta ao estresse. Há estudos mostrando ainda efeitos de incremento na memória e humor – ansiedade, depressão.
Aumenta a massa muscular, é muito anabólica! E o produto final da cadeia de nutrição dos tecidos é ojas, nossa essência de vigor, força, imunidade, vitalidade, fertilidade. Tudo isso se o(s) agni(s) conseguir digeri-la e metabolizá-la, claro…
Estudos científicos mostram efeito imunomodulador (resposta alérgica e inflamatória), antioxidante, com potenciais ações anti-câncer. Outros sugerem um efeito anti-hiperglicemiante, inibindo a digestão e absorção de carboidratos e aumentando a ação celular da insulina.
Na digestão, beneficia condições inflamatórias das membranas mucosas, como as doenças inflamatórias intestinais, e também condições de hiperacidez. Como é untuosa e fria, é excelente para úlceras e gastrite.
Quanto aos pulmões, aumenta a umidade e limpa o calor. Boa para quando a tosse é seca e a garganta está inflamada.
Esses efeitos positivos em órgãos e sistemas diversos, que incluem sistema nervoso, metabolismo, aumento de massa, ação afrodisíaca, etc., fazem com que o shatavari seja considerado uma adaptógena – uma planta que melhora nossa adaptação geral ao estresse e às adversidades.
Mas atenção, é contraindicada quando há excesso de umidade (kapha), quando o agni (fogo digestivo e metabólico) está lento e quando há grande presença de ama (biotoxina).
Geralmente é consumida fervida com leite orgânico, ghee (manteiga clarificada) e especiarias para ajudar na digestão dessa planta potente porém pesada.