Oléos medicados com plantas são uma parte importante da prática do Ayurveda, e pra mim são uma das “imagens” que vêm à mente quando penso em Ayurveda!

Aliás, acredito que são referências mais relevantes do que a “dieta para cada dosha”, tão popular no Brasil hoje em dia…

A palavra sânscrita para óleos e gorduras, sneha, significa também amor e afeto. O óleo traz para o corpo as propriedades (guna) de lubrificação, maciez, peso (nutrição), frescor, e uma suavização de processos (os óleos trazem “lentidão” e “delicadeza”). Mas além disso, passar óleo no corpo é uma prática afetiva, que desperta sensações e memórias. A pele nos dá contorno, limite e margem para os fluxos internos e externos.

Os antigos sábios, praticantes do Ayurveda, perceberam também que podemos utilizar a pele como via de administração de medicamentos. Eles pensaram numa receita para medicar óleos que faz uma extração aquosa e também oleosa dos compostos presentes nas plantas, resultanto em óleos medicinais maravilhosos e potentes! Esses compostos fitoquímicos que foram transmitidos ao óleo chegam na nossa corrente sanguínea. Por isso a pele é uma via medicamentosa – também usada na biomedicina.

Esses óleos podem ser usados de várias formas: na pele, externamente, e também internamente consumidos via oral, via nasal e até mesmo retal ou vaginal. Bom, mas o tema aqui é a oleação da pele e mucosas do corpo!

A pele é o maior órgão do nosso sistema, e cumpre uma função de proteção contra microorganismos, choques, compostos nocivos e fatores ambientais como sol e clima. A pele também tem funções metabólicas (produção de vitamina D, regulação térmica), e excretora de resíduos do nosso metabolismo, sendo um importante órgão de detoxificação!

Pensando nisso tudo, vemos que a automassagem com óleo é uma prática de cuidado, de afeto, de cultivo da nossa saúde e vitalidade em várias dimensões, para além das física e metabólica!

A recomendação tradicional do Ayurveda é olearmos o corpo com óleo de gergelim prensado á frio e medicado com ervas, morno, e aguardarmos alguns minutos para depois tomar banho. Você pode fazer alguma prática de atividade física, contemplativa, ou de outra natureza enquanto permite a penetração do óleo.

Há outra forma de se beneficiar da oleação diária, mais prática para o dia-a-dia. Você pode passar o óleo em todo o corpo após o banho, com o corpo ligeiramente úmido. Nesse caso, uso uma quantidade menor de óleo, como se fosse um hidratante. É importante que o corpo esteja úmido porque o óleo não penetra tão profundamente na pele, mas forma uma barreira que impede a saída da água e assim possibilitamos a hidratação. Vale lembrar que apesar das moléculas de ácido graxo do óleo não penetrarem profundamente, pois são grandes, já as moléculas menores das substâncias que medicam o óleo penetram!

E depois do óleo, um bom banho! Limpa, remove a fadiga e aumenta a força, sendo uma verdadeira prática de rejuvenescimento. E é uma delícia o contato com a maciez da água, não é mesmo? Desfrute!

Como você cuida da pele? O que coloca no seu corpo, a partir da pele? E como você recebe o toque, o que ele te desperta?

Te convido a experimentar essa prática, em menos de 2 minutos você faz a oleação na pele, mucosas e orifícios! Num dia com mais tempo, deixe o afeto, sneha, direcionar a oleação!