Texto de 2011 para Coletivo Curare

O termo medicina tradicional se refere aos sistemas médicos praticados por grupos humanos determinados, cujas práticas de prevenção; diagnóstico; tratamento; e a compreensão do complexo saúde-doença; baseiam-se nas teorias, crenças e experiências destes grupos. São exemplos de medicinas tradicionais a Medicina Chinesa, a Medicina Ayurveda (indiana), a Medicina Tibetana e também as medicinas praticadas por etnias indígenas brasileiras.

Estima-se que em países da Ásia e África, 80% da população depende das medicinais tradicionais como atenção primária à saúde. Quando estes sistemas médicos, ou partes deles, são praticados fora de seu contexto original (a Acupuntura, parte da Medicina Chinesa, praticada no SUS do Brasil), denominam-se medicina complementar e podem não estar atrelados oficialmente ao sistema de saúde do país em questão.

Após a segurança e eficácia de suas práticas serem avaliadas, as medicinas tradicionais e suas partes podem adquirir legitimidade num país e fazer parte do sistema de saúde local. Em geral, a medicina complementar é utilizada para promover saúde e bem-estar, bem como reduzir efeitos adversos provenientes dos tratamentos convencionais. Países como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha adotaram uma política inclusiva, onde as práticas complementares são aceitas e seus profissionais reconhecidos. Assumir a coexistência de diferentes tipos de práticas terapêuticas favorece a população.

Os produtos naturais, principalmente as plantas medicinais, são os principais recursos terapêuticos das medicinas tradicionais. Os testes químicos e farmacológicos destes produtos ajudam a validar a própria medicina, ao mesmo tempo em que contribuem para o repertório farmacológico convencional – muitas drogas disponíveis atualmente na indústria farmacêutica são provenientes do conhecimento tradicional.

É importante salientar, porém, que a ciência desenvolveu suficientemente metodologias que avaliem a ação de drogas isoladas (moléculas), mas ainda não possui metodologias adequadas para controlar a ação das fórmulas herbais multi-ingredientes, contendo diversos ingredientes, em oposição ao uso de uma única planta, que são comumente utilizados nas medicinas tradicionais. Este é um dos desafios por trás da inclusão das práticas complementares nos sistemas de saúde.

Referências:

WHO – World Health Organization. Disponível em http://www.who.int/.