Vamos seguir na conversa sobre os básicos de uma boa alimentação?
Falamos antes sobre comer comida de verdade e comer com abundância frutas, legumes e verduras. Antes disso, falamos sobre a sensação de fome, sobre o quanto comer com fome é importante para nossa digestão e consequentemente para nossa nutrição. O que quero trazer hoje está mais nessa linha dos hábitos comportamentais. Quero falar do tempo.
O tempo é um fator essencial quando a gente fala da alimentação. O tempo enquanto ritmo e horários.
Um dos principais pilares de cultivo da vitalidade da Medicina Ayurveda, que é a rotina diária (dinacharya), parte da compreensão que existem atividades que são mais adequadas em certos horários. Por exemplo: dormir combina com a noite, e não combina com o dia. Da mesma forma, se manter acordada combina com o dia, e não combina com a noite.
Também a Medicina Chinesa aponta um “relógio” da circulação energética nos nossos sistemas corporais, ao longo de um dia inteiro. O pulso dia e noite, claro e escuro, é uma imposição para nós, e não uma escolha.
Para as Medicinas Ayurveda e Chinesa, comer é algo que combina com o dia e não com a noite.
A vida e seus processos acontecem nesse ritmo.
(Muitas ressalvas aqui. Não estou falando para pular o jantar, nem estou dizendo que é bom ficar em jejum do anoitecer até o amanhecer. Detalhes desse tipo valem uma conversa especial, e sempre serão consideradas individualmente, caso a caso.)
Em especial, o horário da manhã até às 14h00 é muito benéfico para a gente se alimentar e absorver os nutrientes sem gerar resíduo. Isso quer dizer fazer um bom café da manhã, sentindo fome para tal. E mais tarde, quando sentir fome, entre 11h00 e 13h30, almoçar. O almoço nesse horário quer dizer: a principal refeição, em quantidade e complexidade dos alimentos. No fim do dia, uma última refeição conforme a fome.
(Mais uma vez, ressalvas. Existem fases da vida, tipos de trabalho e gasto energético, e até mesmo de hábitos que irão alterar esse esquema geral.)
Nosso objetivo é que na maior parte dos dias, com gentileza, a gente se alimente no pulso da fome, em horários que a natureza favorece nosso processo digestivo, e em horários parecidos a maior parte dos dias (ritmo). Assim, o corpo, na sua inteligência intrínseca, consegue se organizar e se preparar melhor para a digestão – aproveitamento da nutrição.