O Ayurveda traz diversas referências para responder essa pergunta. Uma delas está no 4º capítulo do Astanga Hrdayam (Sutrasthana), que trata da prevenção de doenças.
Este é um dos Três Grandes livros deste sistema. É interessante observar que o 1º capítulo aborda o “desejo por uma vida longa”, o 2º capítulo fala das “rotinas diárias” e o 3º capítulo se concentra nas adequações sazonais dessa rotina. Assim, a prevenção de doenças aparece como um desdobramento das práticas de estilo de vida apresentadas anteriormente.
Quanto à prevenção de doenças, o referido texto menciona que todas as doenças advêm do início forçado ou do controle forçado das urgências do corpo.
Assim, não devemos suprimir as necessidades naturais do corpo (“urgências naturais”), como gases, fezes, urina, eructações, bocejo, tosse, vômito, substâncias do tecido reprodutivo e o descanso após ações extenuantes.
Também inclui nas urgências sede, fome, sono, essenciais para a sustentação de saúde e vitalidade.
De forma geral, suprimir as necessidades do corpo desequilibra o dosha vata, responsável por todos os movimentos do nosso corpo. Ou seja, perturba o fluxo, das substâncias densas (ar, alimento, sangue, excreções) às mais sutis como pensamentos e emoções.
Esse belo capítulo menciona as urgências que devemos controlar, caso estejamos perseguindo a felicidade: ganância, inveja, ódio, ciúmes, desejo, etc.
Destaca, ainda, a necessidade de controle dos órgãos dos sentidos. Cuidar de como nos conectamos às coisas do mundo, que são os objetos dos nossos sentidos…
O que você tem oferecido aos seus sentidos, nossos portais de nutrição?
O capítulo encerra abordando as condutas gerais de tratamento para as doenças. Trago aqui o “conhecimento do seu habitat, do tempo (estações e idade) e de si mesmo (e a importância da saúde)”. Muita coisa né?
Entendo que se refere ao autoconhecimento, à compreensão das necessidades do nosso corpo, com atenção às características que o ambiente e o tempo expressam, com respeito aos ritmos (atividade e descanso, fome, sono, etc.), e também às nossas necessidades superiores de conexão e sentido.
“Aquela que indulge diariamente em alimentos e atividades saudáveis, que discrimina (o que é bom e o que é ruim de tudo, e age com sabedoria), que não é (muito) apegada aos objetos dos sentidos, que desenvolve o hábito da doação, que considera todas como iguais (o que requer amabilidade), que é verdadeira, compreensiva e mantém a companhia de boas pessoas, se torna livre de todas as doenças”. AH, Su, V, 36.